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A Ansiedade Associada ao Risco: Um Olhar Sobre os Eletricistas

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Atualização: 24/10/2024 – 08h21

A Ansiedade Associada ao Risco: Um Olhar Sobre os Eletricistas

A relação entre o trabalho e a saúde mental dos eletricistas, especialmente no setor de manutenção, é uma questão que, apesar de ainda pouco explorada, revela sinais preocupantes.

Em uma pesquisa realizada com 158 eletricistas de manutenção na região nordeste do Brasil, foi constatado que 20,3% deles apresentam sintomas de transtornos mentais comuns (TMC).

O que são transtornos mentais comuns?

São transtornos que incluem uma série de condições como ansiedade, depressão leve, insônia, e fadiga mental, que afetam diretamente a qualidade de vida e o bem-estar psicológico desses profissionais.

Mas por que a natureza do trabalho dos eletricistas os torna vulneráveis a esses problemas?

Para entender essa questão, é importante analisar os riscos psicossociais, que muitas vezes são negligenciados no ambiente de trabalho.

Há riscos para os eletricistas a cobrança pela alta demanda?

Tais riscos estão relacionados às demandas psicológicas e emocionais impostas pela profissão e no caso dos eletricistas, essas demandas são particularmente elevadas, já que o trabalho dos eletricistas envolve pressão constante.

Eles lidam com prazos apertados, múltiplas tarefas simultâneas e exigências rigorosas por parte de gestores e clientes. Essa sobrecarga de trabalho contribui significativamente para o desenvolvimento de sintomas como ansiedade, insônia, fadiga, dificuldades de concentração, irritabilidade, e até mesmo um sentimento de inutilidade.

Estes sintomas são sinais claros de que o trabalho está impactando a saúde mental desses profissionais, além de afetar seu desempenho e segurança no dia a dia.

E o fator do risco físico?

Outro aspecto crucial no setor elétrico é o fator de risco físico: a exposição constante ao perigo. A presença de eletricidade e a necessidade de trabalhar em condições potencialmente fatais intensificam ainda mais o estado de alerta e tensão dos trabalhadores.

Esse estado psicológico de “vigilância constante” pode levar a uma sensação antecipada de ansiedade, onde o trabalhador já começa o dia com um sentimento de desconforto ou medo iminente.

Essa combinação de pressão psicológica e risco físico torna o ambiente de trabalho dos eletricistas um cenário propício para o desenvolvimento de transtornos mentais comuns.

Conclusão

Por isso, é fundamental que as empresas e gestores reconheçam e tratem esses riscos psicossociais de maneira estratégica, desenvolvendo programas de apoio à saúde mental e ajustando as demandas de trabalho de forma a garantir um ambiente mais seguro e saudável para esses profissionais.

Fátima Antunes é psicóloga, ergonomista, doutoranda em engenharia de produção, mestre em psicologia social, pós graduada neuroeducação. Especialista em gerenciamento do estresse pelo International Stress Management Association (ISMA-BR). Também é diretora da SST Games, professora universitária, autora dos jogos Papo Cabeça, Conversa Segura, Slogança e outros jogos para a área de Saúde e Segurança do Trabalho, autora do livro Estresse em Advogados e perita judicial em saúde mental do trabalhador.

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